O poeta exige e,
mesmo no lirismo,
nega-se a seu próprio sentir verdadeiramente,
tal "a dor que deveras sente"
( Pessoa exigente)
no descompasso de sua sede literária.
Duas coisas lhe ocorrem:
mergulhado num quarto vazio,
tentar arrumar a mente cansada
e, no entanto,
comparar-se a Ephemeridae de tão curta vida,
ser prisioneiro de seu destino,
servir de isca aos peixes.
(Imagem de http://www.fossilmuseum.net/Fossil_Galleries/Insect_Galleries_by_Order/Ephemeroptera/protoligoneura/BI038B.jpg) Brevemente substituida.
Essas palavras trazem reflexão... sentir as coisas com uma melhor percepção. A negação em quem escreve é algo muito comum algumas vezes, como conclusões momentâneas sobre o que sente, coisas de momento, um modo dramático de ser e viver também ...
ResponderExcluirBelas palavras!Gostei bastante.
Abraço. Bom Dia ^^
Escrever também requer um pouco de ver-se a certa distancia. Cálculo burlado na linha fria do não-dizer fadado ao acerto de um choque térmico.
Excluirtentei um dia categorizar todas as dores que [pres]senti. multipliquei-as pelo expoente e descobri que cem anos de vida não chegariam para concluir a tese de doutoramento da vida. agora sei as dores, mas engano-as, por entre sorrisos, devaneios e sonhos falsos. incomodada, mergulha no aquário em sossego-peixe. e eu volto, por instantes, a saber nadar...
ResponderExcluirabraço!
Experimentar perder o fôlego enfiando a cabeça no aquário do loft é um ato conceitual, não? Observe que Kant se ausenta momentaneamente da aspereza insólita do objeto moderno.
ExcluirVidro, água e uma cabeça que observa peixes ao contrário, tão caro, o sangue coagula sais de banho. Um ser humano com ardor no globo ocular, calculando a própria manifestação do sentir em devaneio torto. Uma pariação retrógada com cheiro de sardinha no ecrã da realidade factual.
Até a próxima, Jorge!
Perfeito!! Esse poeta não é um fingidor...
ResponderExcluirÉ um poeta exige(dor).
Belíssimo o que o Sr. Borges diz.Amei!!
A dor para passar de estado emocional, pura sensação, deve ser tomada não mais nesta condição e sim como uma palavra, morfema "rarefeito" em estado puro, ou seja, se necessário, ausente.
ExcluirQuando deixamos de acreditar no amor
ResponderExcluirPois alguém brincou tanto com o nosso
Lembrar-se de você apenas aumenta a dor
Simplesmente esquecer você eu não posso
A vida se tornou dias sofridos de solidão
Quero permanecer sóbrio e não desistir
Encontrar alguém pra curar meu coração
Mesmo sabendo que só você me faz existir
"comecei, modifique, termine... Junção poética..."
Vou tentar, meu amigo:
ExcluirQuando deixamos de acreditar no amor
Pois alguém brincou tanto com o nosso
Lembrar-se de você apenas aumenta a dor
Simplesmente esquecer-lhe eu não posso
A vida se tornou dias sofridos de solidão
Quero permanecer sóbrio em pleno devir
Encontrar alguém pra curar esse coração
A existência sua que ainda reside em mim
Na minha boca sentindo o mesmo sabor
Não dos beijos bordados em nossas almas
De dois corpos provando amargo licor
Onde ninguém lapidou tristezas tão raras
Num lugar onde sorte venha em larga escala
De cair no sonho e se perder na imensidão
Lá devo ter plena coragem para dizer sim
Olhando o horizonte com os pés no chão
Perceber que chegaria o meu tempo enfim
Obrigada pela visita e pelo bonito comentário.
ResponderExcluir"mergulhado num quarto vazio tenta arrumar a mente cansada". Interessante esta frase. Penso que a melhor forma, embora difícil, de descansar a mente é esvaziá-la. Bonito poema.
Abraço
Algumas escolhas, a poesia entre elas, predispõem à dor que deveras se vai sentir pela vida afora. A menos que se aprendam outras lições.
ResponderExcluirAgradeço sua visita e o comentário.
Abraço.
O poeta constrói nas letras um eu que é mais verdadeiro pra si próprio, do que pra quem o lê.
ResponderExcluirBom dia!
ResponderExcluirComo diz Fernando Pessoa;
" O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
Achei adorável seu blog.
Grande abraço
se cuida
E fingindo vai-se acreditando que não sente, o que estás a sentir. E com esse pensamento, escreve com a ideia de: "Sentir? Sinta quem lê!".
ResponderExcluirBelo poema. Gostei muito daqui, e já estou seguindo...
Agradeço por teu comentário, adorável.
Até breve!!
destino é algo que definitivamente me intriga. Terá ele assim tanto poder sobre meus caminhos que eu não seja capaz de domá-lo?
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