Para uma flor
"Flor do tempo em espiral
Na queda livre da razão
Música, poesia e emoção
Cachos de uvas no varal
... - Ampelidáceas."
Dama de mão nua
esses verbos deslizantes
os que desnudam a dona
os que acusam o amante
no desejo tão áspero
incitante dessa escrita
Assum-preto
aquela sem demiurgo
obsoleta flecha
sem alvo
sem cor
Poe
presságio da dor
da pergunta
(antes muda!)
"...não faltava nada"
agora sei com quantos signos se faz uma noite...
Um Van Gogh distraído
de ignorar a dor esparzir na paleta do pintor
onde giram astros de ocre sobre massas de cobaltos
quais os croquis de opalescência tortuosa e turva
um semeador a soçobrar no papel dores de azeviche
por resvalo de distração um pigmento na orelha
Patologia antropocêntrica
Mergulhei no mar da história, história do ser humano. Um fóssil, quase um lamento, mero ancestral das coisas imperdoáveis. Tentei ver um reflexo confortador... me escapou um soluço; prendi o choro.
É...depois de tudo, quase não respiro!
Ao propósito
A relutância que o ser-homem-noturno-cibernético e boêmio trava contra si e contra a sua própria conservação é ínfima e diametralmente oposta a falida concepção, redundante zigoto resultado de qualquer ato: no religioso, comungar na fé o mesmo corpo sagrado; num quarto sobre a cama, dois amantes fecundando ou não gametas.
"Não cuidamos do mundo um segundo sequer", disse Chico.
Dormir no conforto dos seus lençois e rezar também não resolve.
Destilado
O eterno fim no derradeiro devir fortuito principia a palidez dos boêmios. Na cidade velha cansada e habitual, prefiro repudiar o alvoroço, curtir minha dor plácida, torturante. Morrissey ressonante, a fagulha do mistério... Exit Music!
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