quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dois Santos e Uma Vidente

 O coronel gostava muito também de banhar-se nas águas da enseada de Nª Sª do Tempo, localizada a alguns quilômetros da vila do Cafezal. Ia muito ali por devoção a santinha misteriosa que sustentava um penhasco portentoso apontado para a baia que se liga ao Mucuruçá. Tudo ao redor de onde a santa se destacava, com exceção, é claro, do gramado cintilante que se estendia de onde estava a santa ao caminho da casa dos donos do local e da estrada que dava acesso ao lugar, ruía pelo avanço das águas à beirada da terra firme. “Milagre!”, dizia o Coronel. E nessas idas e vindas do militar ao município de Barcarena foi que o acaso aproximou o coronel aos Farias, de onde surgiria a confiança política e as demais solicitudes....
(...continua em "Para Que Eu Possa Contar-Livro", de Braulino Poça Magno "O tempo e o espaço se reestruturam no discurso." Ilustração: Sr. Borges.)

Quinta Vá-lendo Cultura I: Manifesto "Eu faço"

Eu faço poesia para desabafar,
Para meu contentamento,
Para meu desencanto e meu acalanto.
Faço poesia para que não me torne mais ignorante do que sou e para que não seja degradante diante dos sonhos.
Eu faço poesia para desestabilizar o sentimento humano,
Para purificar espíritos e festilizar razões.
Eu faço poesia para os pobres de espírito,
Para que o significado de cada palavra ultrapasse sua imbecilidade.
Eu faço poesia para o analfabeto,
Para que este ao escutar um poema,
Produzido por uma voz lúcida de um louco qualquer em um desses bares da vida,
Ele possa acalmar sua ignorância.
Eu faço poesia para aqueles que de uma forma mesquinha tentam assassinar nosso vocábulo.
Eu faço poesia de tudo,
Em todo lugar e o tempo todo,
Eu faço poesia para esse e pra'quele,
Sem distinção de cor e credo porque acredito que a vida deva ser bem dita ou Bendita,
Eu faço poesia pra ser confundido com criatura e criado.
Eu faço poesia contra os pensamentos medíocres,
Porque são neles que estamos mortos,
Eu faço poesia pra morrer feliz e pra morrer melhor,
Porque ela serve como ópio,
Eu faço poesia porque acredito que a vida sem poesia não é vida,
Eu faço poesia e tem gente que não faz,
Mas para me escutar e isso pra mim é imprescindível.
[Lacerda, Manifesto (in) Completo "Eu faço" in PERSONA'RTE. Iustração: Sr.Borges]

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Verão Contra Mim

Há entre eles poréns
E eu aqui quase sem
Fico a esperar pela brisa
Não torna, em vez disso
Ocorre que nenhum vento sai da praia
Tudo permanece inerte
Nesse refluxo que é a vida
Das crianças, esperanças tortas
De um tortuoso verão
Da areia que aquecida pelo Sol
Para as pessoas e para esses gãozinhos de tardes
O que nos resta nesse tanto-desencanto
Não dá nem para remar
Meu barco perdeu-se enterrado na areia...
(Iustração e poema: Sr.Borges)

O que “não” silencia

Maquiavél tem razão. É necessário ser rancoroso.

Ficar a espreita; é ser lebre, dar bote no lobo.

O padre tem seu púlpito.

O louco, o seu súdito.

Contradiz Geraldo:

Se você não quiser vir, pro que der e vier comigo...

Satisfaz teu alto ego:

E empurra abaixo o “não” antigo.

Visto minha roupa de bandido

Roubo e bato no mendigo.

Dou conforto e esmola aos ricos.

E o que mais não tenho dito...

Fica o dito por não cito, assim, bem indizível.

Completa, a fase rouca de Picasso, será a nova moda da estação.

Atura body - art, venda nos olhos com anão.

Um Beuys Novus inspirado na Grande Guerra da Farinha Meu Pirão III.

Emoção! Muita emoção!
Eu continuo com os nãos.

Num conflito, "não" aceita opinião.

O corpo é inspiração, o banco e a receita
De por prego no prato e pratos sobre mesa.

Pobre Acácio, que não poupou despesas!
Morreu muito certo de absoluta certeza.

Vítimas do acaso são sentimentos de rara beleza.

Emudeceu bem os lábios?

Agora...
Favela!!!