segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poema em Negro*



Não é minha voz que enrouquece,
Não são meus pensamentos que se turvam,
Tampouco minhas mãos gesticulando confusas.
Não, terminantemente não está em mim a lucidez que teus olhos querem ver.
Fiz-me belo e alinhado como Wilde,
Límpido e transparente como Lorca
E mesmo assim a rima deixou teus lábios sem nada beijar.
Cortina negra,
Parte que decora a casa, meu ambiente,
Estronda em ti o medo do que não é reflexo.
Não mereces assim o meu grito nos espaços que teces para a história.
Sou o poeta do canto não esperado,
Com o fundo lírico cortante e trágico,
Não esperarei ser trasladado contigo para o país dos homens felizes!


*In: Eus ou os tênis usados de Virgínia Olff, poesia, no prelo

7 comentários:

  1. Andei por onde já havia ido muitas vezes e achei pedaços de minha alma em agonia. Não me recolhi toda e te direi por quê. Mas voltei em mais uma tentativa de te colher.
    _esperanto

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    1. ... em todo terreno e já classificado. Algo-em-mim torpe.
      Alí!

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  2. Acredito que vou encontra-lo... não sei em qual vida, nem sei se já tenho vida pra te encontrar.
    _esperanto

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    1. Qual a idade do ser para Nietzsche?, o meu
      é transitório - transitivo, transa e transpira.
      Em mim nada basta, nem o tempo. Muito menos este que transfere minha matéria para múltiplos espaços. Fico preso ao deslocamento e isso me exige gás, fôlego, níquel, motor, álcool, de margem à margem - os extremos.
      Me torna promíscuo.

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  3. "Sou o poeta do canto não esperado,
    Com o fundo lírico cortante e trágico,
    Não esperarei ser trasladado contigo para o país dos homens felizes!"
    .
    .
    .
    Tenso, Intenso, Provocativo... mais do que trágico. Vivo. Adorei!

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  4. Velho, quanta beleza e entrega em um poema! Como Wild!

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