segunda-feira, 26 de março de 2012

O Diorama de Bluma




Não sei se tela ou filigrana
O seu olhar é lâmina dissecante
Que penetra na carne
Na alma a qualquer instante
Daguerreótipo de único lance, o momento definitivo!
Qualquer pequeno grão de estrela que caía cintilava a madrugada fria
(Um sobrecéu a abrir-se diante de sua janela!)
Colige todo o sentimento ensimesmado
E eu ator desarmado
Sucumbi a seus olhos insistentes; olhos de platéia, centrada em linha!

Ser serenado ou incômodo
Sem se ater a quem mais queira
Vi do outro lado da lente feminina minha face prisioneira
Meu coração acelerado
Dissidente apavorado
De parvo teor acólito
O objeto afeto de sua mira
Incólume projétil desguarnecido e imóvel
Tão desajeitado aos raios da retina

O que chamou sua atenção nessa triste aparência?
Se o que guardo nos bolsos desfiados
São gastos há tempos ruminados
Nos quase trinta anos que esta vida me empresta
Essa existência a espalhar fragmentos de réstia
Viraria partículas no flash alinhado
Em sua prosa fotográfica que documenta o instante inato
Tornando icônica a sombra que reanima
A mesma forma que agora é sua e não mais minha...!


6 comentários:

  1. Muito intenso este poema, com uma profundidade que toca a alma.
    Beijos

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  2. Muito lindo esse teu espaço aqui!
    Beijão!
    :)

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  3. Lindo, lindo, lindo, lindo... Deixa eu contemplar isso mais um pouco!

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  4. Adorei o poema. Aliás, o teu espaço aqui é muito bom. Seguindo!

    Abraço

    Camila Paula

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  5. eis o sopro de ar comprimido e projetado de fora para dentro, espalhando destroços não de vida, mas a própria vida. as mãos, ainda quentes, tremem num reflexo branco diante de uma nova realidade: coisa nenhuma.

    abraço!

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