Homo pictóricus
a vanguarda adormecida que Dalí anuncia
parusia da doutrina escatológica
quiçá as cores de um calafate
aparecessem em Magritte
vicejantes e embriagados
"la máquina de gorjear", vamos a Klee!
o objeto é categórico, homens bucólicos
admiram a estrela
para Miró
para onde à negra?
no alaúde de madeira
on line figura prisioneira
hóspede ou manequim
De Chirico vivo vivo
muito vivo
Belchior bebendo o antigo
de Caetano a Gauguim
rejuvenece assim
assusta a mão que o toca
de fora, a nota descendo escalas
viagem de um jovem Duchamp
ao centro de Laforgue
(encore à cet astre)
Duchamp sabe que delira
nas Impressions d' Afrique...!
na contracapa
teatro
a imagem
imaginas tudo
eu
tu
nós
cada personagem
visgo da folha
o papel é teu
soletrei o tempo
ficastes à léguas de mim
fui até a outra margem
vi que a coxia escondia muito mais
parte da semente era da trapezista
noutra margem: o palhaço!
vês ator, só o que te resta?
nossas praças...
teatro
a imagem
imaginas tudo
eu
tu
nós
cada personagem
visgo da folha
o papel é teu
soletrei o tempo
ficastes à léguas de mim
fui até a outra margem
vi que a coxia escondia muito mais
parte da semente era da trapezista
noutra margem: o palhaço!
vês ator, só o que te resta?
nossas praças...
o poeta canta as duas
banhadas de sal e areia
como ânforas e ébrios
banhadas de sal e areia
como ânforas e ébrios
Cheiro precoce
bilboquê
de
rosa-botão
na sombra
com
àgua
e
sabão
Íris, bastonetes, pupilas e outras olhadas
A análise clínica, dura, quase intransponível, eurrítmico tácito consentido da greta vocabular científica, não deixa de propalar as cinestesias que a poetisa empresta ao tomo perceptivo da visão.
O que escreves, crônica tácita, quase fábula de um artista soturno.
Num corpo em tessitura com as amarras do existir: num limite os sentidos, sentires; noutra extremidade, repertório de experiências...
Mesmo o poeta "ser per si” que se evade da mais arguta frase ao se estender ou imbricar-se...querer é estranho; a vontade domestica o homem, algo em si de dúvida, razão e altivez. Pronto! Estamos envoltos na névoa quente do passado do que somos.
no delírio bipolar da existência, trajamos tantas peles que nenhum ser, por mais hediondo que pareça, deixa de nos habitar. são assim as casas, os passos, os olhares: apenas palcos transvestidos de pessoas gramaticais, numa perversidade agramatical que desintegra o nome e todas as coisas nomeadas:
ResponderExcluir"eu
tu
nós
cada personagem
visgo da folha
o papel é teu"
abraço!
o assis é fantástico!
Multipoetando o todo
ResponderExcluirEm fios de navalhas
Soft
Acidez dulcíssima
No aveludado sibiloso
De tuas palavras
Nas minhas palavras
Adorei a visita, adoro seu blog
O seu blogue é lindo, repleto de textos fantásticos. beijinhos
ResponderExcluirseleta em prosa e verso, banquete surreal, o argonauta vos acena
ResponderExcluirabraço