terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Morada Alomorfe (ou Dor-objeto)



Meus olhos em semicírculos captam o silêncio da casa
Quando o tempo me empurra para o nunca mais
Deixo que a sorte guie as coisas de que me despeço
No encalço da solidão vestindo as fímbrias da dor
Preso a palavra que arranha minha garganta...
seca
Seca o ar, veste o dia, a luz reveladora em eco
Clangor da sombra a esconder nos objetos a forma
O inesperado assombra todo o sentido tortuoso
Subestima a voz da lucidez ja escassa na despensa
Impregnando e desafiando ao mesmo tempo
Me perco no interior de minha habitação, meu íntimo
A sala, a cozinha, o quarto, o banheiro... os móveis.


Manhã de poesia

Com cheirinho de palavras
Sabor de versos amanteigados
E intimidade lírica.

Poir...

a nódoa da alma
a alma
nódoa do corpo
o corpo pede
a alma ecoa
de dentro
"a mulata ensaboa"
o fio da memória...


Alma'gama

Minimal
o poeta
habita
na palavra.


Vibra o Ar de Etta James

At Last
Enfim, o Elastano de Etta
Calma! Pelo amor azul, anil, lilás
Buterfly, dia decorado
Sorriso e encanto assim lançado
"A thrill that I have never known"
Ela, James sabe...
Do amor que um dia se consumou.


Desprende-se...?

A ela que despede-se do autor
Despe-se as palavras a um qualquer
As ondas se debatem no abater do cais.

Voltam e me ignoram
Desejando o meu infortúnio,meu fim
Carentes, dementes salivas salgadas de mar
Batem em meu rosto os verbos aos ventos.

Sua poesia de rio, de tudo se foi
Deixando nos olhos de brisa a carga escondida do limo
Quão ingrata retorna a sereia de pérolas desperdiçadas
Versos que se perderam no tempo de mim...


Posteridade

As palavras casam em doses certas
até mesmo amor e dor,
se para quê, diz o compositor,
não sei.

Porém,
da gelosia da janela da juventude
podemos ver folhas, versos, vento, alegria,
canção inspirando o coração,
desviando a tensão de tempo em tempo...