segunda-feira, 19 de junho de 2017

fênix


O amanhã chega espiritual, estranho 
Não sei como essas palavras coabitam 
Minha alma mal se surpreendeu com a insônia 
Madrugada longa, finge fenecer no arrebol 
A luz que lambe minhas pálpebras 
Pesadas e torturantes vigias 
Salivo, me alimento dos instantâneos 
Um preparo quente 
Longe Campbell's Soup Cans 
Desce e engorda o dia 
Como os auto-falantes da rua 
Que avolumam o comércio entre os automóveis 
Como a insônia abafando os ruídos, as réstias do dia 
Contraditório 
Andy beirando a Hokusai 
O sono queima minhas retinas, minhas iris 
Durmo em tardio renascimento 
Vocês andam, trabalham e eu fecho os olhos 
Para sonhar com o novo...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O Segredo de Quem


lá dentro dessa rocha
no meu intimo
eu e minha face adormecida
sonhamos universos paralelos
amores roubados
de corações famintos
...

ainda que o desejo exista
e almeje a forma
lapidar a jóia é necessário
idealizar a coisa amada
criar estilo
visualizar de fora
como se de frente ao espelho

enquanto as pessoas circulam
conjeturam
viciam-se com as rotinas
sem notarem a existência
ali dentro
a beleza que ninguém vê
de um espírito livre
da espera paciente
de se revelar o que habita aquela pedra.



quinta-feira, 29 de maio de 2014

Diana ou Ártemis

Perdoe os olhos desse caçador
Não quis ter a deusa como presa
Não ameaçaria arrancar-lhe dor
Fosse eu talvez a merecê-la

Como se lhe fizesse um favor
O destino me atirou na mesma
Que distraída visão nessa flor
Tornou-me pessoa prisioneira

De Áries, mensageiro do amor
De algum servo sentir o sabor
Como outras talvez não queira

Ver em meu peito a flecha meiga
Que desarma a alma do autor
E aos lobos a entrega por inteira.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Felicidade




A felicidade
não mora em tua casa, 
nem ao lado 
talvez seja uma parte que sempre te falte 
ou venha dentro de um frasco 
com gota-a-gotas 
não dura muito 
é a metade cheia de um copo, 
a outra vazia é tua dor. 

 

terça-feira, 26 de março de 2013

Aforismo Algoritmo





 
Como se o poeta,
arqueólogo de si
(um filólogo nietzschiano),
tivesse o dever moral
de desmitificar o seu passado
pelas fímbrias das palavras,
as coisas no mundo,
como se apresentam a nós.